As fontes renováveis de energia, sem dúvida, terão uma participação cada vez mais relevante na matriz energética global. Estas fontes englobam a energia hidráulica, eólica, solar, hidrogênio e bioenergia. O conceito de bioenergia teve origem na teoria psicanalítica, onde Freud afirmava “...que nas funções mentais deve distinguir algo que possui todas as características de uma quantidade passível de aumento, diminuição, deslocamento e descarga e que se espalha ... como uma carga elétrica difundida pela superfície do corpo ...”. Neste contexto, a bioenergia é a manifestação da energia do organismo.
A discussão sobre bioenergia parece ser muito semelhante a esta história que a tanto tempo se estuda e discute na psicanálise. Tanta gente fala sobre o tema, tantas são as propostas de gerar e usar a bioenergia. Porém, no momento, é difícil dimensionar a verdade e o imponderável sobre a bionergia. Possivelmente, também, ao falar de bioenergia não sabe exatamente do que esteja tratando. A equação conhecida como E=mc2, expressa uma equivalência entre matéria (m), ou seja, biomassa no tema que trata este trabalho, e energia (E). A teoria cósmica do Big Bang versa que no início dos tempos havia um universo minúsculo que consistia unicamente de energia a altíssimas temperaturas.
À medida que esse universo se expandia ele se esfriava e uma parte desta energia foi se condensando em algumas partículas subnucleares, que por sua vez foram se ligando para formar a matéria tal como a conhece atualmente. O tema bioenergia, no presente, gera entusiasmo devido à conexão com os problemas ambientais globais, a economia brasileira em alto astral e o Brasil ser o “país da vez” no jogo da economia mundial. Este entusiasmo que vem da percepção de que não se trata apenas de um novo ciclo de crescimento. A nova onda apresenta-se como o prenúncio de algo muito mais abrangente, em extensão e profundidade. Esta vivendo o momento inaugural, em solo brasileiro, da civilização moderna da biomassa, na expressão de Ignacy Sachs, pesquisador da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Civilização da qual a bioenergia é apenas um dos elementos ao lado de muitos outros, como o alimento, a ração animal, o adubo verde, materiais de construção, insumos industriais, fibras, plástico, papel, celulose, química verde, fármacos, cosméticos. Ainda que modesta, a participação da bioenergia na matriz energética mundial, algo em torno de 10 a 14%, constitui-se potencialmente em uma das iniciativas de grande impacto para a redução do efeito estufa.
As recentes discussões sobre bioenergia, simbolizada nos biocombustíveis, mostram a sua importância em ajudar na solução dos problemas ambientais, e o quanto eles se tornaram estratégicos para as nações mais desenvolvidas e expectativa de novos caminhos para ajudar as economias mais pobres, notadamente do hemisfério sul; com potencialidade de grande produção de biomassa para usos múltiplos, centros na alimentação, energia e insumos de indústrias.
O desenvolvimento sustentável está ligado ao crescimento com responsabilidade, e para que haja crescimento é necessária muita energia, que deve ser gerada de fontes limpas e renováveis. Os países desenvolvidos não têm terras agricultáveis em quantidade e com as condições climáticas necessárias para a otimização do plantio da matéria-prima necessária para a produção de 3 biocombustíveis, com a eficiência e sem competição com a produção de alimento. A América Latina, e em especial o Brasil, aparece como grande celeiro para o crescimento da produção dessa matéria-prima, com extensas áreas disponíveis para a agricultura.
A bioenergia é um recurso, que em tese, pode ser a âncora do desenvolvimento sustentável do planeta devido o grande potencial científico e tecnológico acumulado na produção de biomassa, é a denominação genérica para matérias de origem vegetal ou animal que podem ser aproveitadas como fonte de produção de energia, mais comumente na forma de calor ou eletricidade. A biomassa, como matéria da ou a bioenergia, engloba, de maneira simplificada, os recursos:
a) florestas energéticas com aplicação de silvoquímica; destacadas em culturas como eucalipto, bracatinga, bambu, pinus e outras, onde se usa lenha, resíduos florestais industriais, biocarvão, etanol e metanol e madeira em gás,
b) culturas energéticas e matérias da agropecuária como cana-de-açúcar, , mamona, soja, algodão, pinhão bravo, dendê, babaçu, gergelim, canola, óleos vegetais girassol e resíduos agrícolas, esterco e cama de animais,
c) resíduos agroindústrias e indústria de alimentos,
d) resíduos urbanos como lixo e esgoto, gordura e óleos de cozinha e dejetos orgânicos. Assim tem-se a biomassa energética apresenta em multimaneiras como biomassa “in natura” como madeira, bagaço de cana e resíduos (agrícola: casca de babaçu, arroz, palha de milho; florestais: casca de madeira, serragem, cepilho, maravalha, cavacos, galhos e raízes; urbanos e industriais) e derivados de processos e matérias distintas nos produtos hoje muito difundidos como carvão vegetal, gases, metanol, etanol, briquetes, peletes, licor negro evaporado, bioóleos, bioetanol, biodiesel, palha, vinhoto, esgoto, lixo, Hbio, etanol de segunda e outras gerações que estão sendo gestados para estarem no mercado futuro.
Ainda, a bioenergia, além da biomassa, contempla a água através da energia hidráulica (usinas hidroelétricas, PCHs e energia de marés) e ventos via energia eólica, compondo num conjunto, as energias renováveis de uma matriz energética propugnada atualmente. Este conjunto de biomassa, na expressão bioenergética, está colocado na agenda global para atender o homem tecnológico que demanda mais de cem vezes o consumo per capita por dia do homem primitivo. A sustentabilidade do planeta e a manutenção do desenvolvimento tecnológico da sociedade passam, peremptoriamente, pelo equacionamento da matriz energética global, regional e local.